segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Voluntária Prisão


Vou dormir agora
Não faça barulho ao chegar
Nossa gaiola permanecerá aberta
Tem comida e água suficiente
Tente não fazer muita sujeira
Não sou alvo, não quero ser alvo
Trago em minhas penas
O tempo
Sou imagem amplificada.

Falso Rubi


Tão vil
Tão absurdamente vil e deselegante
Trazer nos olhos desfaçatez e fingimento
Ainda que gentil
Uma mentira será sempre degradante

Logo a mim queres enganar?
Sei ler nas entrelinhas
Sei ler pensamento
Sou o rei de copas

Tão fraca
Tão fraca e frustrante a sua retórica
Esperava mais de ti, sendo o que dizes ser
Exercendo o que pensas ser
E sinto-me redundante até mesmo em meu verbo
De tão ultrajado, de tão afrontado

Chega!
Cansei de tanta cantilena
Há mais para se ver e ouvir
Serventia de jóia falsa é apenas iludir.

Envilecido Rei


Então ele some
Faz-se senhor do meu tempo
Rouba-me o nome
Faz-me esperar
Horas, dias
Meses a contar

De repente aparece
Com ares de rei
Fausto em régio trono
Cobrando pompas
Como se de mim
Fosse dono

Mal sabes pobre juiz
Que cometestes burlesco engano
Meu sangue não é azul
É cigano